Antonio Vallisneri, professor de Medicina, era seguidor do físico e astrônomo Galileu Galilei (1564-1642). O médico questionava os escritos antigos da Medicina, os quais continham informações ultrapassadas e de pouca credibilidade do ponto de vista científico.
Para ele, a observação era uma arte e envolvia um conjunto de procedimentos que requeriam habilidades muito especiais.
O filósofo grego Aristóteles (figura 1.15), que viveu entre 384 a.C. e 322 a.C., teve muitos alunos importantes e deixou diversos escritos.
Em um de seus livros formulou uma explicação para a origem dos animais então chamados testáceos, animais com casca ou concha duras, como moluscos e crustáceos: “Como regra geral, todos os testáceos se originam por geração espontânea na lama, diferindo uns dos outros pelo tipo do material do qual se originam”.
Segundo Aristóteles, os testáceos que se originavam da areia eram mais duros do que aqueles originados da lama.
Como regra, ele dizia, os insetos se originavam de matéria em decomposição, e os vermes, como as lombrigas, apareciam dentro dos animais, a partir da combinação de líquidos internos, como a bile.
Aristóteles defendia a teoria da “geração espontânea”, também conhecida como teoria da abiogênese, segundo a qual os seres vivos teriam se originado de matéria orgânica sem vida.
Assim como Aristóteles, o naturalista inglês John Tuberville Needham (1713-1781) também acreditava na geração espontânea da vida. Por volta de 1747, o naturalista realizou experimentos para testar a origem da vida.
Needham produziu um caldo de carne de carneiro e colocou esse líquido dentro de uma garrafa de vidro, tampando-a com uma rolha de cortiça vedada por resina.
Ele aqueceu a garrafa sobre brasas, adotando um procedimento considerado suficiente para matar todas as formas de vida. Após alguns dias, retirou a rolha e observou inúmeras criaturas microscópicas vivas no caldo, os chamados “infusórios”.
Em 1750, Needham publicou os resultados obtidos em seu experimento e defendeu a origem da vida a partir de substâncias sem vida. Segundo o naturalista, uma “força ativa” seria capaz de transformar a matéria orgânica em microrganismos.
O italiano Lazzaro Spallanzani (1729-1799; figura 1.16), seguidor das ideias de Vallisneri, apoiou diversas de suas teorias, inclusive sobre a origem da vida.
Spallanzani aperfeiçoou técnicas de experimentação, realizou a primeira inseminação artificial utilizando cães e analisou aspectos da origem dos seres vivos, estabelecendo métodos de estudo da Biologia que são utilizados até hoje.
Em seus experimentos (figura 1.18), Spallanzani selou os frascos de maneira muito eficiente e os deixou em fervura por quase uma hora, ao lado de outros, deixados sem tampa. Spallanzani verificou que as infusões fervidas e mantidas em frascos tam- pados não apresentavam microrganismos.
Já nos frascos sem tampa apareciam muitos infusórios. Ao destampar os frascos estéreis, em pouco tempo também apareciam infusórios neles.
Spallanzani publicou seus resultados em 1765, questionando as explicações de Needham e propondo a hipótese de que os infusórios se originavam de “ovos” microscópicos trazidos pelo ar.
Os resultados obtidos por Spallanzani fortaleceram a teoria da biogênese, ou seja, a ideia de que a vida surge de vida preexistente.
Resumo
- Antonio Vallisneri estabeleceu diversos procedimentos ligados à “arte de observar”.
- A ideia de que os amonites eram marcas dos deuses não podia ser testada, portanto não era científica.
- Vallisneri punha em discussão a ideia de Aristóteles sobre a “geração espontânea”, ou abiogênese.
- John Needham realizou experimentos e apre- sentou resultados que tornavam a ideia da geração espontânea de microrganismos uma hipótese que poderia ser testada.
- Lazzaro Spallanzani questionou os resultados dos experimentos de John Needham e mostrou que a geração espontânea não explicava o aparecimento de microrganismos.